Prefeitura troca cigarros por frutas e mudas de plantas
Um cigarro por uma vida. Campanha contra o tabagismos é feita na praça Alencastro durante todo fim de semana

Aparecida Nascimento começou a fumar quando tinha apenas nove anos. Na época o médico afirmou que o cigarro era bom para curar angina (dores torácicas). Do primeiro trago para a dependência da nicotina foi muito rápido. Ainda hoje, com 50 anos, ela luta contra o vício e busca uma vida mais saudável. Com tantos anos de fumo, ela afirma que só teve prejuízos na saúde e os problemas no coração continuam, inclusive no próximo mês ela irá fazer mais uma cirurgia do coração.
A amiga Nadir Magalhães afirma que não sabe como Aparecida está viva até hoje. Mas também conta que luta contra o fumo. Ela não sabe precisar há quanto tempo é fumante, mas diz que também fumou a vida toda. “Eu já deixei de fumar um monte de vezes, sei que não me faz bem, mas sempre volto. A ansiedade é demais”, destaca.
Nesta sexta-feira (29), pela manhã, ao passar pela Praça Alencastro, no centro de Cuiabá, cada uma das amigas trocou um cigarro por frutas e mudas de plantas ornamentais e frutíferas. Elas comemoraram juntamente com o Juizado Volante Ambiental (Juvam) de Cuiabá e com a Secretaria de Saúde Municipal o Dia Mundial contra o Tabaco, que será neste domingo (31).
O evento reuniu ainda atrações artísticas como a dupla de humoristas Nico e Lau, exames como aferição de pressão, verificação de câncer de boca e encaminhamento para tratamento nas unidades de saúde do município. Neste ano, diferentemente dos anteriores, a campanha tratou o tabaco também como problema para o meio ambiente.
“Estamos tentando sensibilizar a sociedade sobre todos os problemas que o ato de fumar traz. Antes nós falávamos que fumar faz mal à saúde, mas percebemos que muitas pessoas já sabem e não se incomodam. Então resolvemos ligar o assunto ao meio ambiente, pois fumar também destrói o lugar em que vivemos”, explica a assessora da Secretaria Municipal de Saúde Diurianne França. De acordo com a assessora, em Cuiabá cerca de 10% da população é fumante, o que representa cerca de 65 mil. Deste total estima-se que 50% deve morrer vítima do tabaco.
Alexandre Corbelino, assessor do Juizado Volante Ambiental, reforça que o futuro que todos os cidadãos querem não combina com a indústria do fumo. Ele ressalta ainda que o principal problema socioambiental do fumo está na produção e no descarte dos produtos como cigarros, charutos etc. “Nós estamos trabalhando para conscientizar a população não só do impacto negativo que a produção de cigarros traz para o meio ambiente, como também das queimadas. Como forma de sensibilizar, estamos distribuindo mudas de árvores para todos que queiram trocar um cigarro por uma vida mais saudável”, conclui.
Impacto do tabaco no meio ambiente
Agrotóxicos – A cultura do fumo exige grande quantidade de agrotóxicos, contaminando o solo e recursos hídricos. Os produtores ficam seriamente intoxicados, podendo provocar diversos tipos de cânceres, alergias e alterações neurológicas. Muitos ficam incapacitados para trabalho e desenvolvem transtornos psicológicos e comportamentais, chegando inclusive ao suicídio.
Lixo – Anualmente são 2,2 mi de toneladas de lixo só pelo descarte de bitucas de cigarro. Os filtros levam até 15 anos para se decompor e o seu acúmulo polui os rios e entope bueiros, contribuindo para enchentes cada vez mais frequentes em grandes centros urbanos. 25% do lixo marinho é composto por resíduos derivados do cigarro.
Poluição – Ao fim do dia, num ambiente poluído com fumaça de cigarros, os não-fumantes podem ter respirado o equivalente a 10 cigarros. No Brasil, pelo menos sete pessoas morrem por dia em razão do fumo passivo